domingo, 6 de março de 2011

Sobre a Guerra (Parte 2/2)


Numa batalha, há Espíritos que a assistem e que amparam cada uma das forças em luta?



— Sim, e que estimulam a sua coragem.




Comentário de Allan Kardec: Assim os antigos nos representavam os deuses tomando partido por este ou aquele povo. Esses deuses nada mais eram do que os Espíritos representados por figuras alegóricas.




Numa guerra, a justiça está sempre de um lado; como os Espíritos tomam partido a favor do errado?



— Sabeis perfeitamente que há Espíritos que só buscam a discórdia e a destruição. Para eles a guerra é a guerra; a justiça da causa pouco lhes importa.




Certos Espíritos podem influenciar o general na concepção dos seus planos de campanha?



— Sem nenhuma dúvida. Os Espíritos podem influenciá-lo nesse sentido, como em todas as concepções.




Os maus Espíritos poderiam suscitar-lhe planos errados, com vistas à derrota?



— Sim, mas não tem ele o seu livre-arbítrio? Se o seu raciocínio não lhe permite distinguir uma idéia certa de uma falsa, terá de sofrer as conseqüências e faria melhor em obedecer do que em comandar.




O general pode, algumas vezes, ser guiado por uma espécie de dupla vista, uma visão intuitiva que lhe mostre por antecipação o resultado dos seus planos?



— É frequentemente o que acontece com o homem de gênio. É o que ele chama inspiração e lhe permite agir com uma espécie de certeza. Essa inspiração lhe vem dos Espíritos que o dirigem e se servem das faculdades de que ele é dotado.




No tumulto do combate, o que acontece aos espíritos dos que sucumbem? Ainda se interessam pela luta, após a morte?



— Alguns continuam a se interessar, outros se afastam.




Comentário de Allan Kardec: Nos combates, acontece o mesmo que se verifica em todos os casos de morte violenta: no primeiro momento, o Espírito fica surpreso e como aturdido, não acreditando que está morto; parece-lhe ainda tomar parte na ação. Não é senão pouco a pouco que a realidade se lhe impõe.




Os Espíritos que se combatiam quando vivos, uma vez mortos se reconhecem como inimigos e continuam ainda excitados uns contra os outros?



— Nesses momentos, o Espírito jamais se mostra calmo. No primeiro instante, ele ainda pode odiar seu inimigo e mesmo o perseguir. Mas quando as ideias se lhe acalmarem, verá que a sua animosidade não tem mais razão de ser. Não obstante, poderá ainda conservar resquícios maiores ou menores, de acordo com o seu caráter.




Ouve ainda o fragor da batalha?



— Sim, perfeitamente.




O Espírito que assiste friamente a um combate, como espectador, testemunha a separação entre a alma e o corpo? E como esse fenômeno se apresenta a ele?



— Há poucas mortes realmente instantâneas. Na maioria das vezes, o Espírito cujo corpo foi mortalmente ferido não tem consciência disso no mesmo instante. Quando começa a retomar consciência é que se pode distinguir o Espírito a mover-se ao lado do cadáver. Isso parece tão natural que a vista do corpo morto não produz, nenhum efeito desagradável. Toda a vida tendo sido transportada para o Espírito, somente ele chama a atenção e é com ele que o espectador conversa ou a quem dá ordens.



Fonte: O Livro dos Espíritos (Allan Kardec) / Parte 2 / Cap. 9 / Item X

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